Organização alerta sobre mortes em protestos no Irã; regime convoca manifestação 'a favor'

Iniciado por noticias, 27, Novembro, 2019, 09:02

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Organização alerta sobre mortes em protestos no Irã; regime convoca manifestação 'a favor'


   Ao menos 143 pessoas foram mortas em protesto contra aumento nos preços dos combustíveis, segundo Anistia Internacional. Protesto contra a alta do preço do combustível no Irã, em 16 de novembro de 2019
Nazanin Tabatabaee/West Asia News Agency/Via Reuters
Ao menos 143 pessoas foram mortas pelas forças de segurança durante os protestos que abalaram o Irã em novembro, de acordo com um relatório apresentado nesta segunda-feira (25) pela Anistia Internacional. A organização falou em "um ataque espantoso contra a vida humana", no mesmo dia em que uma multidão participou de uma manifestação "a favor" em Teerã, convocada pelas autoridades para denunciar os "distúrbios".
O governo iraniano afirmou na semana passada que o país voltará a estar em calma após dias de manifestações e violência, que começaram em 15 de novembro, com o anúncio do aumento no preço da gasolina.
ENTENDA: O que está acontecendo no Irã?
As autoridades informaram sobre cinco mortos nos distúrbios e acusaram os "inimigos" do Irã no exterior de estar por trás desses protestos.
"A comunidade internacional deve denunciar o uso intencional da força letal pelas forças de segurança iranianas que levaram ?  morte de pelo menos 143 manifestantes nos conflitos que eclodiram em 15 de novembro", disse a Anistia Internacional em um comunicado.
A ONG de defesa de direitos humanos denuncia um "ataque espantoso contra a vida humana" e acredita que "o balanço é muito mais alto e continua investigando". Até o recente relatório, a Anistia falava em 106 mortos.
Regime pede protestos 'a favor'
Manifestantes favoráveis ao governo do Irã saíram ? s ruas nesta segunda-feira (25)
Atta Kenare/AFP
Embora o acesso ?  internet continue bloqueado por vários usuários de smartphone, no domingo ?  noite foi enviado um SMS para os iranianos, convocando-os a participar de uma manifestação no dia seguinte.
A mensagem pedia "ao povo sábio e revolucionário de Teerã" que saia ? s ruas e condene "os distúrbios americanos-israelenses".
Nesta segunda-feira, uma multidão de mulheres vestindo chador (veste que cobre todo o corpo com exceção do rosto), homens com roupas civis e clérigos, jovens e não tão jovens, convergiu por diferentes acessos em direção ?  Praça Enghelab ("Revolução", em persa).
"Esta guerra acabou", disse o comandante da Guarda Revolucionária, general Hussein Salami, aos manifestantes que gritavam "abaixo os Estados Unidos!", "abaixo Israel!".
"O golpe de graça foi dado" no inimigo, acrescentou o oficial, que lidera o exército de elite da República Islâmica.
Muitos participantes carregavam retratos do aiatolá Ali Khamenei, guia supremo da República Islâmica, de quem o general Salami elogiou as "competências", pedindo aos iranianos que o seguissem.
Manifestantes favoráveis ao regime do aiatolá Ali Khamenei no Irã queimam bandeiras norte-americanas nesta segunda-feira (25)
Atta Kenare/AFP
Embora não tenham fornecido estimativas precisas da participação, várias agências iranianas chamaram a manifestação de "grande concentração popular".
Há vários dias, as autoridades reiteram que os protestos são o resultado de um complô tramado no exterior.
Em seu discurso, dirigindo-se "mais uma vez aos inimigos" que são os "Estados Unidos, Reino Unido, Israel, a casa dos Saud [a família real da Arábia Saudita]", o general Salami exclamou: "Se vocês violarem nossas linhas vermelhas, nós os destruiremos".
Antes da manifestação, o Ministério das Relações Exteriores do Irã condenou a "interferência de países estrangeiros" na violência nas ruas.
"Recomendamos que vejam as manifestações que estão ocorrendo atualmente em nosso país, para que percebam quem são povo do nosso país", disse Abbas Mussavi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
General Salami saúda os manifestantes favoráveis ao regime do Irã nesta segunda-feira (25)
Atta Kenare/AFP
O acesso ?  internet mundial, que as autoridades cortaram em 16 de novembro ?  noite em todo o país, ainda não foi completamente restabelecido nessa segunda-feira ?  noite.
Esse bloqueio dificulta que as ONGs consigam reconstituir os fatos de 15 de novembro e dos dias seguintes.
Em seu comunicado, a Anistia disse que "quase todas as mortes foram provocadas pelo uso de armas de fogo", e afirmou que vários vídeos mostram que as forças de segurança iranianas utilizaram de forma "intencional" armas de fogo contra manifestantes "não armados que não representavam nenhuma ameaça fatal" ou que "fugiam correndo".
A organização também garantiu que em alguns casos as autoridades se negaram a "entregar os corpos das vítimas a suas famílias".

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