Angela Merkel se despede da liderança de seu partido, que escolhe novo líder nesta sexta

Iniciado por noticias, 09, Dezembro, 2018, 09:01

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Angela Merkel se despede da liderança de seu partido, que escolhe novo líder nesta sexta


   Merkel renunciou à liderança do partido em outubro após resultados negativos nas eleições regionais na Baviera e em Hesse. Segundo especialista, novo líder poderá ser o novo chanceler em longo prazo. A chanceler alemã Angela Merkel acena para membros da CDU após discurso no congresso do partido nesta sexta-feira (7)
Kay Nietfeld/ dpa/ AFP
Após 18 anos de comando, Angela Merkel entrega nesta sexta-feira (7) a liderança de seu partido conservador, após uma votação histórica que será realizada na CDU que pode ser decisiva para o rumo da Alemanha no futuro.
A votação dos 1.001 delegados da União Democrata-Cristã (CDU) reunidos no congresso partidário em Hamburgo pode ter uma importância histórica para o país, pois "aquele que conquistar a presidência do partido mais importante na Alemanha se tornará chanceler no longo prazo", explicou à AFP o cientista político Eckhard Jesse, da Universidade de Chemnitz.
Depois de 13 anos à frente da maior potência econômica e política europeia, Merkel renunciou no fim de outubro à liderança da CDU, após os resultados negativos do partido nas eleições regionais na Baviera (sul) e em Hesse (oeste).
Três candidatos disputam a liderança do partido.
Friedrich Merz, Jens Spahn e Annegret Kramp-Karrenbauer seguram placas com números antes de apresentar candidatura à liderança do CDU na Alemanha, no dia 21 de novembro
Jens Meyer/AP Photo
A primeira é Annegret Kramp-Karrenbauer (conhecida como "AKK"), de 56 anos, secretária-geral do partido, considerada a "Merkel bis", já que defende a mesma linha de centro-direita da chanceler.
O segundo é o milionário Friedrich Merz, de 63 anos, que propõe uma guinada à direita da CDU e do país. Afastado por Merkel no passado, ele deseja retornar à linha de frente após uma década de ostracismo político.
O terceiro candidato é o jovem ministro da Saúde, Jens Spahn, muito crítico de Merkel, mas suas possibilidades são consideradas reduzidas.
'Momentos difíceis'
A chanceler alemã fez uma defesa nesta sexta-feira aos valores "cristãos e democráticos", ante o avanço das tendências populistas e nacionalistas no mundo, em seu último discurso como presidente da CDU.
"Nestes momentos difíceis, não devemos esquecer nossos valores cristãos e democratas", afirmou Angela Merkel.
"Sinto reconhecimento por ter sido presidente durante 18 anos", afirmou Merkel na abertura do congresso na quinta-feira.
"Foi um período muito longo, no qual a CDU passou por altos e baixos", acrescentou.
Mandato de Merkel
A chanceler alemã, chamada carinhosamente no passado de "Mutti" (Mamãe) pela imprensa alemã, espera chegar ao fim de seu mandato como chefe de Governo, previsto para 2021. Isso dependerá em grande parte, porém, de seu sucessor à frente da CDU.
Para Eckhard Jesse, a possibilidade de Merkel concluir seu mandato "está praticamente descartada, pois o SPD (Partido Social-Democrata) não permanecerá na coalizão de governo até este ano".
O SPD integra a coalizão de governo de Merkel e, nesse ano, demorou 5 meses para fechar o acordo de coalizão.
Novo impulso para a centro-direita
Diante da pressão do partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD) e do Partido Verde (centro), a centro-direita alemã enfrenta um cenário de declínio eleitoral e precisa de um novo impulso.
Ao lado do aliado bávaro CSU (União Social-Cristã), a CDU tem de 26% a 28% das intenções de voto, de acordo com as pesquisas. Nas legislativas de setembro de 2017, a coalizão recebeu 33% dos sufrágios.
As perspectivas eleitorais do AfD, a terceira força política no Parlamento alemão após o ótimo resultado em setembro do ano passado, ganharam força com o medo da imigração estimulada pela política de Merkel, que aceitou abrir as fronteiras do país e receber mais de um milhão de sírios e iraquianos entre 2015 e 2016.
Recuperar eleitores
Para os aspirantes à liderança da CDU, o principal objetivo é recuperar os antigos eleitores, que agora preferem a extrema-direita.
Por este motivo, Merz questionou o direito de asilo na forma como está definido na Constituição alemã. Kramp-Karrenbauer aposta na proposta de repatriar os refugiados condenados por algum crime, inclusive os sírios.
Todos os candidatos querem distância do legado de Merkel.
"Foi um erro levar a CDU para a esquerda, o que permitiu ao AfD se situar à direita sem fazer grandes esforços. Também foi um erro permitir durante meses uma perda de controle nas fronteiras", afirmou a revista Der Spiegel.
"A CDU deve reconhecer, embora com isto pareça que vão matar a mãe", completou a publicação.

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