Ataque a Cristina Kirchner é produto da radicalização na Argentina

Iniciado por noticias, 03, Setembro, 2022, 17:01

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Ataque a Cristina Kirchner é produto da radicalização na Argentina


   Violência verbal cresceu depois que promotores defenderam 12 anos de prisão para a ex-presidente em julgamento por suposta corrupção.  Polícia argentina usa canhão de água contra apoiadores de Cristina Kirchner em manifestação no último sábado (27)
Reuters/Mariana Nedelcu
Nos últimos dias, um caldeirão de animosidades e confrontos políticos vinha levantando a fervura na porta do prédio onde Cristina Kirchner mora, no bairro da Recoleta, alimentado pela etapa final de um dos cinco julgamentos que ela enfrenta, acusada de corrupção.
Vigílias de apoiadores da vice-presidente argentina colidiram com confrontos com a polícia e declarações de inimigos políticos, um deles defendendo claramente o retorno da pena de morte no país. No fim do mês passado, promotores pediram 12 anos de prisão para a ex-presidente e a proibição de ocupar cargos públicos. Como vice-presidente, ela tem foro privilegiado. Se condenada, não pode ser presa, a menos que dois terços da Câmara e do Senado a indiciem.
A tentativa de assassinato de Cristina Kirchner parece ter sido incitada pela violência verbal crescente sobre o seu destino, num duelo entre paixões e ódios que ela fomenta entre os argentinos. O ataque produziu durante a madrugada uma aparente e inédita trégua política – condenado por seus opositores, incluindo o ex-presidente Mauricio Macri e o prefeito de Buenos Aires, Horácio Rodríguez Larreta.
Na ala mais dura do macrismo, contudo, o repúdio veio em forma de desafio ao presidente Alberto Fernández, que qualificou a tentativa de atentado como o incidente mais grave contra a democracia argentina desde o fim do regime militar e decretou feriado nacional nesta sexta-feira.
Homem tenta assassinar a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner
"O presidente está brincando com fogo: em vez de investigar seriamente um incidente grave, ele acusa a oposição e a imprensa e decreta um feriado para mobilizar militantes. Transforma um ato individual de violência em um movimento político. Lamentável", afirmou a presidente do Partido Proposta Republicana, Patricia Bullrich, em suas redes sociais.
Ex-ministra da Segurança no governo Macri, ela vinha defendendo mão de ferro contra os partidários de Cristina, em vigília nas imediações de sua casa. No último sábado, cinco policiais ficaram feridos em confrontos com manifestantes. Bullrich acusou o prefeito Larreta, de seu partido, de "ser mole com o kirchnerismo".
A polarização argentina está em todos os lados, dentro e fora do kirchnerismo. A tentativa de assassinato da ex-presidente argentina é fruto da radicalização política e dificilmente será um ponto de virada para apaziguar os ânimos.
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