Aumentam denúncias de trabalhadores domésticos tratados como escravos

Iniciado por noticias, 11, Outubro, 2022, 03:00

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Aumentam denúncias de trabalhadores domésticos tratados como escravos

O número de trabalhadores resgatados nessas condições deu um salto no país no ano passado; este ano já foram 13 resgates. Brasil teve aumento de denúncias de trabalhadores domésticos tratados como escravos
O Brasil teve um aumento de denúncias de trabalhadores domésticos tratados como escravos.
Um senhor de 66 anos, que pediu para não ser identificado, passou os últimos quatro anos trabalhando em situação semelhante à escravidão em uma casa em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.
O idoso foi resgatado por auditores fiscais e procuradores do trabalho em condições degradantes. Ele dormia em um cômodo apertado e sem janelas, nos fundos, e não recebia salário. O ex-patrão dava uma quantia por semana.
Vítima: Me pagava R$ 50, R$ 60. Às vezes até R$ 20, R$ 40.
Repórter: E com esse dinheiro o senhor fazia o quê?
Vítima: Eu comprava comida. Comprava ovos, calabresa, arroz, fubá de milho; porque eu gosto muito de fazer mingau.
Repórter: A sua própria comida?
Vítima: Minha própria comida.
Dona Madalena agora mora sozinha em um pequeno apartamento. Ela tem 63 anos e passou 50 trabalhando para uma família em Lauro de Freitas sem receber salário. A idosa foi resgatada há quase um ano, mas ainda espera pela indenização trabalhista e por danos morais. Ela sobrevive com ajuda de amigos e com um auxílio mensal de um salário-mínimo pago pelo governo federal aos idosos em situação de vulnerabilidade social.
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Pela primeira vez na vida, dona Madalena está experimentando a liberdade. Agora, é ela quem toma as decisões na casa: o que comer, aonde ir, como gastar o dinheiro. O que, para a maioria das pessoas, não tem segredo algum, para ela ainda é um desafio. Esse mundo novo amedronta um pouco, mas com ajuda das assistentes sociais, dona Madalena está, aos poucos, superando essas barreiras.
"Eu rezo de noite, pedindo a Deus para me ajudar, para eu conhecer um bocado de lugares que eu não conhecia. Quero conhecer. Vou conseguir", conta Madalena Santiago da Silva. 
O professor da Universidade Federal da Bahia Samuel Vida diz que o trabalho doméstico semelhante à escravidão reflete a desigualdade racial no país. 
"Um dos territórios consagrados para esse exercício da desigualdade é o espaço doméstico. Então, desde o momento da escravidão até o presente, o espaço doméstico sempre esteve fora do alcance do controle social, da crítica, da vigilância, e possibilitou, portanto, a manutenção de práticas absurdas", explica o coordenador do Programa Direito e Relações Raciais da UFBA.
O número de trabalhadores domésticos resgatados nessas condições deu um salto no país no ano passado - 30; este ano já foram 13 resgates.
"Existem muitas outras pessoas, outros trabalhadoras e trabalhadores, submetidas a essas condições e que não chegam ao nosso conhecimento. É importante que as pessoas tenham coragem e que façam essas denúncias, para que a gente possa chegar nessas pessoas superexploradas", afirma a auditora fiscal do trabalho, Liane Durão.
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