Aung San Suu Kyi, líder de Mianmar, defende prisão de jornalistas acusados de espionagem

Iniciado por noticias, 14, Setembro, 2018, 09:02

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Aung San Suu Kyi, líder de Mianmar, defende prisão de jornalistas acusados de espionagem


   Repórteres da agência Reuters foram condenados após receberam documentos de policiais.  Eles investigavam massacre de membros da minoria muçulmana rohingya no país. Aung San Suu Kyi, líder de fato do governo de Mianmar e vencedora do prêmio Nobel da Paz, nestaquinta-feira (13) em Hanoi, no Vietnã
Kham/Pool Photo via AP
A líder de fato do governo de Mianmar e vencedora do prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, defendeu nesta quinta-feira (13) a condenação a 7 anos de prisão de dois jornalistas da agência de notícias Reuters, acusados de espionagem enquanto investigavam o massacre de muçulmanos rohingyas.
"(A sentença) não tem nada a ver com a liberdade de expressão, mas com a Lei de Segredos Oficiais", disse Suu Kyi, durante o Fórum Econômico Mundial para o Sudeste Asiático, que termina hoje em Hanói, capital do Vietnã.
"Eles não foram condenados por serem jornalistas, mas porque a Justiça decidiu que violaram a Lei de Segredos Oficiais", concluiu.
Suu Kyi pediu respeito ao funcionamento do Estado de Direito e assegurou que os dois jornalistas têm o direito de recorrer da sentença.
Os repórteres Wa Lone e Kyaw Soe Oo foram presos na noite do dia 12 de dezembro, após encontro com dois policiais que, segundo os acusados, lhes entregaram documentos supostamente confidenciais.
Os jornalistas, que foram condenados no início deste mês, investigavam um massacre de membros da minoria muçulmana rohingya na aldeia de Inn Dinn, no estado de Rakhine.
O jornalista Wa Lone é escoltado pela polícia de Mianmar depois de ter sido condenado
Ye Aung Thu / AFP
Eles foram acusados pelas autoridades de terem obtido documentos secretos sobre a operação militar em Rakhine, que o Exército de Mianmar lançou há um ano, após uma série de ataques de um grupo insurgente rohingya contra postos de fronteira.
Mais de 700 mil rohingyas fugiram para Bangladesh por causa desta ofensiva militar, onde investigadores da ONU encontraram elementos de "genocídio intencional". Mianmar não reconhece a cidadania dos rohingyas, a quem considera imigrantes bengalis, e lhes submete a uma crescente discriminação, incluindo restrições à liberdade de movimento.
Jornalista Kyaw Soe Oo é escoltado pela polícia de Mianmar depois de ter sido condenado
Ye Aung Thu / AFP
Durante seu discurso no Fórum, questionada pelo apresentador, Suu Kyi admitiu que "a posteriori" seu governo poderia ter administrado melhor a crise em Rakhine.
"Claro que há coisas nas quais, a posteriori, a situação poderia ter sido melhor tratada", disse Suu Kyi.
"Mas acreditamos que, para garantir a segurança e a estabilidade a longo prazo, devemos ser justos com todas as partes, e o Estado de Direito deve ser aplicado a todos. Não podemos escolher que deve ser protegido pelo Estado de Direito", acrescentou.

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