Rússia acusa EUA de distanciar acordos de paz ao entregar mais armas à Ucrânia

Iniciado por noticias, 02, Junho, 2022, 13:00

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Rússia acusa EUA de distanciar acordos de paz ao entregar mais armas à Ucrânia


   Armamento enviado pelos americanos é o mais poderoso já cedido desde o início do conflito. Imagem de dentro de uma escola atacada na cidade de Donetsk, na Ucrânia
Anna Kudriavtseva/REUTERS
O Kremlin acusou nesta quarta-feira (1) o governo dos Estados Unidos de distanciar um acordo de paz após o anúncio da entrega de mísseis americanos à Ucrânia, para responder à ofensiva russa.
"Nós acreditamos que os Estados Unidos jogam lenha na fogueira de maneira deliberada (...) As entregas (de armas) não encorajam as autoridades ucranianas a retomar as negociações de paz", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
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Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, durante desfile do Dia da Vitória em Moscou
Maxim Shemetov/REUTERS
Durante a entrevista coletiva, Peskov também falou sobre a utilização de tais armas. Segundo ele, a Rússia não confia plenamente na Ucrânia quanto ao uso dos mísseis.
Os EUA disseram que os armamentos enviados são apenas para defesa interna e que não têm potencial para atingir o território russo.
Armamento mais poderoso já enviado
Míssil sendo disparado de um HIMARS, equipamento americano enviado à Ucrânia
Romeo Ranoco/REUTERS
Durante esta segunda-feira, o presidente Biden anunciou o envio de novos armamentos para a Ucrânia. Entre eles, se destacou o M142 HIMARS, o mais poderoso já enviado desde o início da guerra.
Se trata de um caminhão capaz de transportar até seis mísseis. Ele pode ser utilizado como uma forma de atacar, mas é quase sempre uma ferramenta de defesa, uma vez que os projéteis atingem grande distância (300km) e permitem a segurança dos militares.
Presidente americano, Joe Biden, concedendo entrevista depois de sua chegada de Delaware
REUTERS
Com isso, em entrevista, o presidente americano Joe Biden defendeu que os mísseis não podem atingir territórios russos.
Outra arma de defesa enviada foram os M777 Hovitzer, unidades de artilharia que também têm alcance limitado (até 40km).
"Não buscamos uma guerra entre a OTAN e a Rússia"
Em artigo publicado no jornal "The New York Times", o presidente americano esclareceu a posição dos EUA na guerra da Ucrânia.
"Não buscamos uma guerra entre a OTAN e a Rússia. Por mais que eu discorde de Putin e ache suas ações um ultraje, os Estados Unidos não tentarão provocar sua deposição em Moscou", disse Biden.
Presidente americano, Joe Biden, caminhando para pegar o helicóptero da Marinha na base aérea de Yokota
Jonathan Ernst/REUTERS
"Meu princípio ao longo desta crise tem sido 'Nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia'. Não vou pressionar o governo ucraniano – em público ou privado – a fazer concessões territoriais. Seria errado e contrário a princípios bem estabelecidos fazê-lo", explicou o presidente.
Ao comentar sobre o medo de uma possível guerra nuclear, o líder do governo americano disse que não enxerga a intenção russa de usar tal armamento.
Crise alimentar
Mais de três meses desde que invadiu a Ucrânia, a Rússia tomou grande parte da costa de seu vizinho e está bloqueando seus portos, mas está tentando culpar a falta de embarques de grãos nas sanções ocidentais e na própria Kiev.
"Estamos potencialmente à beira de uma crise alimentar muito profunda ligada à aplicação de restrições ilegais contra nós", disse Peskov.
Segundo ele, as autoridades ucranianas colocaram minas de proximidade nas regiões que levam ao mar negro e isso impede a comercialização de tais grãos.
Soldados russos tiram minas terrestres de praia em Mariupol
Recentemente, em uma comunicado divulgado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) indicou que mais de 16 milhões de pessoas na África estão em situação de "elevada insegurança alimentar grave".
A previsão é de que até setembro esse número possa aumentar para 20 milhões.
"Trigo não pode ser usado como arma de guerra", diz Papa
'Não usem o trigo, um alimento básico, como arma de guerra', diz Papa Francisco
O Papa Francisco pediu nesta quarta-feira o fim do bloqueio às exportações de trigo da Ucrânia, bloqueados em portos do país por conta da invasão da Rússia. Pela primeira vez, o pontífice se mostrou preocupado com a fome no mundo, e pediu que o grão não seja "uma arma de guerra".
"O bloqueio das exportações de trigo da Ucrânia é muito preocupante porque a vida de milhões de pessoas depende disso, especialmente em países pobres", declarou a fieis que acompanhavam a audiência semanal do Vaticano, na praça São Pedro.
Esta foi a primeira vez que o pontífice falou sobre o aumento da fome no mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a guerra já provoca uma crise mundial de alimentos, que está piorando por conta dos bloqueios.

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