Polícia da Nicarágua faz operação em sede de jornal em meio a onda de prisões de opositores

Iniciado por noticias, 15, Agosto, 2021, 18:28

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Polícia da Nicarágua faz operação em sede de jornal em meio a onda de prisões de opositores

Único veículo de circulação nacional, 'La Prensa' é um duro crítico do presidente Daniel Ortega. Segundo a Polícia Nacional, diretores são investigados por fraude aduaneira e lavagem de dinheiro. Policiais deixam a sede do jornal 'La Prensa', o único de circulação nacional da Nicarágua, em Manágua no dia 13 de agosto
Maynor Valenzuel/Reuters
A polícia da Nicarágua fez uma operação nesta sexta-feira (13) na sede do jornal de oposição "La Prensa", em meio à onda de prisões de críticos e rivais do presidente e candidato a mais um mandato, Daniel Ortega, a menos de três meses da eleição.
Segundo a Polícia Nacional, os diretores do jornal são investigados por fraude aduaneira e lavagem de dinheiro. A ação ocorre um dia depois que o veículo denunciou a retenção de papel e suspendeu sua circulação impressa. As instalações estão sob custódia das forças de segurança.
Patrulhas da polícia entraram nas instalações do jornal por volta do meio-dia, onde estavam funcionários do periódico.
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De junho até agora, o governo ordenou a prisão de 32 opositores, incluindo sete possíveis rivais do presidente Ortega, no poder desde 2007 e que disputará em 7 de novembro, pela ex-guerrilha de esquerda Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o quarto mandato consecutivo.
"As leis serão aplicadas a quem cometer um crime, que se prestar a lavar dinheiro e depois esconder as provas em um jornal. Ali foram encontradas provas", afirmou o presidente, durante um ato pelo aniversário da força naval do Exército.
Ortega, de 75 anos, acusa os opositores de traição à pátria e de promoverem sanções contra o país. Sua mulher, Rosario Murillo, está a seu lado na vice-presidência desde 2017.
Polícia da Nicarágua faz operação em sede de jornal em meio a onda de prisões
Maynor Valenzuela/Reuters
A questão do papel
Em sua edição de 12 de agosto, o "La Prensa" assegurou que o "bloqueio da ditadura orteguista" deixou o veículo sem papel. Ortega afirmou, no entanto, que as autoridades "encontraram uma quantidade de papel" no depósito durante a intervenção policial e disse que as acusações feitas pelo jornal são "uma calúnia ao Estado". "Vai preso aquele que calunia e difama."
Veículos ligados ao governo publicaram em suas redes sociais fotos do depósito do jornal, onde afirmaram que existe material abundante para prosseguir com o trabalho de impressão, embora o "La Prensa" tivesse denunciado o "sequestro" de sua matéria-prima pela alfândega. Funcionários alegaram que a quantidade de papel não era suficiente para imprimir uma edição.
Durante a operação, os jornalistas do "La Prensa" denunciaram que internet e energia elétrica foram cortadas e que servidores foram desligados. Funcionários que estavam no prédio foram impedidos de usar o celular.
"Estou bem. Já nos deixaram voltar à redação", publicou no Twitter o chefe de Informação do jornal, Fabián Medina.
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Perseguição à imprensa
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e sua relatoria especial para a Liberdade de Expressão se pronunciaram em suas redes sociais condenando "a constante perseguição oficial à imprensa na Nicarágua".
Os órgãos lembraram que "as pressões diretas ou indiretas dirigidas a silenciar o trabalho da imprensa afetam o debate democrático e são incompatíveis com o direito à liberdade de expressão".
O "La Prensa", com 95 anos de existência e único jornal de circulação nacional da Nicarágua, é um duro crítico do governo. Esta é a segunda vez que ele suspende sua edição impressa, depois que, em 2019, o veículo denunciou a apreensão de sua matéria-prima pela alfândega.
O "Nuevo Diario", também de circulação nacional, suspendeu suas operações em setembro de 2019, após denúncias de bloqueio à importação de matéria-prima pela alfândega.
Os dois veículos cobriram amplamente os protestos que explodiram em 2018 contra o governo de Ortega, que os qualificou de tentativa de golpe de Estado.
Organismos sindicais estimam que pelo menos 30 veículos de comunicação independente desapareceram por confiscos ou fechamentos forçados durante o governo de Ortega.

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