Imprensa internacional se mobiliza para a retirada de jornalistas do Afeganistão

Iniciado por noticias, 22, Agosto, 2021, 18:37

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Imprensa internacional se mobiliza para a retirada de jornalistas do Afeganistão

'The New York Times', 'The Washington Post' e 'The Wall Street Journal' têm mobilizado contatos diplomáticos para retirar jornalistas e colaboradores do país após a retomada do poder pelo Talibã. Civis afegãos se preparam para embarcar em avião para deixar o país no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, na quarta-feira (18)
Staff Sgt. Victor Mancilla/U.S. Marine Corps via AP
Grandes organizações da imprensa internacional têm se mobilizado nos últimos dias para tentar retirar, com segurança, colaboradores locais e jornalistas estrangeiros que trabalham no Afeganistão.
Com a retomada do poder pelo Talibã em 15 de agosto, ainda há muita incerteza se o grupo extremista manterá a palavra de respeitar o trabalho de jornalistas no país (leia mais adiante nesta reportagem).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta sexta-feira (20) que o governo americano tem se esforçado para repatriar americanos que estejam no território afegão – inclusive jornalistas.
Joe Biden: 'Estamos agindo rapidamente, fazendo o que dissemos que faríamos'
Biden citou que o governo retirou 204 jornalistas nesta semana e que aumentou o número de pessoas que os estão ajudando a sair do país.
"Não sabemos o número exato de americanos que estão lá", afirmou, mas disse que a prioridade é tirar todos os cidadãos dos EUA do país.
Ele disse também que os EUA pretendem contribuir com a retirada de afegãos em situação vulnerável e de jornalistas que não estejam ligados a empresas internacionais.
Na segunda-feira (16), os chefes de três grandes jornais dos EUA fizeram uma declaração conjunta pedindo ajuda ao presidente para proteger seus jornalistas e garantir uma volta segura para casa.
Centenas de pessoas se reúnem do lado de fora do aeroporto internacional em Cabul, no Afeganistão, em 17 de agosto de 2021
AP
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Esforços conjuntos
Executivos dos jornais americanos "The New York Times", "The Wall Street Journal" e "The Washington Post" disseram que têm mantido contato com consulados e embaixadas de países com representações no Afeganistão para tentar ajuda na retirada de jornalistas.
Uma das maiores preocupações é garantir a segurança de colaboradores e repórteres afegãos que trabalhavam para os jornais americanos que têm encontrado dificuldade para deixar o país. Michael Slackman, editor do "Times", afirmou que "vários planos" de transporte falharam.
"Você tem um plano durante a noite e duas horas depois, as circunstâncias em solo mudam completamente", disse o jornalista em reportagem ao "The New York Times".
No entanto, segundo a publicação, após uma ajuda do governo do Catar – que mantém relações tanto com os EUA quanto com o Afeganistão –, o jornal conseguiu retirar de solo afegão 128 colaboradores e seus familiares.
A.G. Sulzberger, presidente e editor do "Times" agradeceu em um comunicado os esforços do governo do Catar "que foram verdadeiramente inestimáveis para levar nossos colegas afegãos e suas famílias para a segurança".
"Pedimos à comunidade internacional que continue a atuar em defesa dos bravos jornalistas afegãos que estão em risco em seu próprio país", escreveu Sulzberger.
O "Post" informou que 13 funcionários – incluindo dois colaboradores afegãos e seus familiares – conseguiram embarcar para o Catar na última terça-feira (17). No mesmo dia, três correspondentes do "Journal" deixaram o país, mas a publicação diz que ainda tenta ajudar na retirada de uma dezena de contratados locais.
Pessoas se encaminham ao aeroporto de Cabul, no Afeganistão.
REUTERS/Stringer
Perseguição a jornalistas
Nesta quinta (19), o familiar de um jornalista da Deutsche Welle foi morto por talibãs depois de uma batida em sua casa na busca pelo repórter da emissora internacional alemã e de mais três colaboradores.
A Associação Alemã de Jornalistas (DJV, da sigla em alemão) fez um apelo à comunidade internacional após o caso e pediu por ação.
Segundo a DJV, familiares de jornalistas que não moram mais no país vêm sendo "sistematicamente caçados em Cabul e em outras cidades".
"Jornalistas afegãos que vivem na Alemanha recebem apelos de suas famílias para não publicar nada que possa levar ao Talibã agir contra seus parentes", disse em nota.
Combatentes do Talibã patrulham o bairro de Wazir Akbar Khan, em Cabul, capital do Afeganistão, em 18 de agosto de 2021
Rahmat Gul/AP
Alguns jornalistas afegãos dizem que foram espancados e tiveram a casa invadida desde que o Talibã tomou a capital Cabul.
A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) fez um pedido para que o Conselho de Segurança da ONU organize uma reunião de emergência para discutir a situação de profissionais da imprensa no Afeganistão.
"Cerca de 100 meios de comunicação pararam de operar nas últimas semanas, enquanto centenas de jornalistas se esconderam ou estão tentando fugir do país", disse a RSF em nota.
Promessa durou pouco
O Talibã havia dito na terça-feira (17), em sua primeira entrevista coletiva, que permitiria o trabalho da imprensa e que mulheres poderiam trabalhar, ao contrário do que ocorreu quando o grupo esteve no poder, entre 1996 e 2001.
Mas apesar da tentativa inicial do Talibã de tentar passar uma imagem menos radical, militantes do grupo extremista têm intensificado a busca por pessoas casa a casa, aponta documento confidencial da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os talibãs têm listas com nomes e os alvos são pessoas que trabalharam para forças de segurança afegãs, americanas e da Otan, além de veículos de imprensa e entidades internacionais, segundo o relatório de inteligência da ONU.
Mulheres jornalistas
O Talibã disse mais de uma vez que as mulheres poderão trabalhar, contanto que sigam a Sharia – lei islâmica – no entanto, já há relatos de profissionais impedidas de trabalhar após a tomada de poder.
Shabnam Dawran, apresentadora de um telejornal local, disse na quinta-feira (19) ter sido barrada na sede da empresa em Cabul (veja no vídeo abaixo).
Após trabalhar durante seis anos como jornalista para a emissora estatal afegã RTA, Dawran afirmou esta semana que teve o acesso negado à redação, enquanto seus colegas homens podiam fazê-lo.
VÍDEO: Apresentadora de telejornal do Afeganistão é proibida de trabalhar após retomada do Talibã
Sob o governo talibã, entre 1996 e 2001, entretenimentos como televisão e música foram proibidos, as mãos dos ladrões eram cortadas, e assassinos, executados em público.
Mulheres ficaram proibidas de trabalhar, ou estudar; e as acusadas de adultério eram açoitadas e apedrejadas até a morte.
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