Incêndio em acampamento de Rafah após bombardeio que matou civis foi 'inesperado e não intencional', diz Israel

Iniciado por noticias, 04, Junho, 2024, 04:43

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Incêndio em acampamento de Rafah após bombardeio que matou civis foi 'inesperado e não intencional', diz Israel


     Forças de Defesa de Israel disseram ainda que incêndio que atingiu acampamento de refugiados no sul da Faixa de Gaza após bombardeio israelense pode ter se iniciado de explosões em local onde o Hamas supostamente guardava munições. Na segunda-feira, Netanyahu se referiu ao episódio como 'erro trágico'. Ataques aéreos de Israel deixam pelo menos 35 mortos em Rafah, ao sul da Faixa de Gaza
O incêndio no acampamento de refugiados em Rafah, na Faixa de Gaza, após bombardeio israelense foi "inesperado e não intencional", disse o porta-voz das Forças Armadas de Israel (FDI), Daniel Hagari, nesta terça-feira (28). O incêndio matou dezenas de civis palestinos no domingo.
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A morte de crianças, mulheres e idosos levou a uma forte condenação de diversos países ao redor do mundo, incluindo tradicionais aliados de Israel, como a França.
"Após o ataque, devido a circunstâncias imprevistas e de forma trágica, infelizmente começou um incêndio que ceifou a vida de civis de Gaza nas proximidades. Fizemos todos os esforços para minimizar o número de vítimas civis durante o ataque, e o incêndio que eclodiu foi inesperado e não intencional. Foi um incidente devastador que não esperávamos. Estamos investigando o que causou o incêndio que resultou nesta trágica perda de vidas", disse Daniel Hagari.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na segunda (27) que o ataque ao acampamento de refugiados em Rafah, na Faixa de Gaza, foi um "erro trágico".
As Forças Armadas de Israel afirmaram ainda nesta terça que estão investigando a possibilidade de "explosões secundárias" decorrentes de um bombardeio contra líderes do Hamas terem gerado as mortes no acampamento de refugiados.
Em comunicado, as forças israelenses disseram estar "examinando a possibilidade" de explosões secundárias a um ataque, que, segundo Israel, ocorreu a 1,7 quilômetro do acampamento e que alvejava terroristas do Hamas.
A nota, no entanto, não deixou claro se as explosões secundárias citadas pelos militares foram ocasionadas por Israel.
"O ataque realizado em Rafah, a 1,7 km da área humanitária, usou munições de precisão carregando 34 kg de explosivos para eliminar dois líderes terroristas do Hamas", dizem os militares israelenses, em nota, negando que o alvo seria o acampamento onde estavam os civis.
"Estamos examinando a possibilidade de explosões secundárias a partir de um depósito de munições do Hamas próximo ao local onde estavam os civis e a 100 metros de distância dos alvos —causando o incêndio que tragicamente tirou vidas civis", afirma o comunicado.
"Estamos investigando a causa do incêndio e vamos continuar a operar de acordo com o direito internacional", conclui a nota.
O porta-voz do governo dos Estados Unidos para assuntos de segurança, John Kirby, disse nesta terça que os EUA ainda não viram nas ações de Israel um motivo para interromper o apoio militar ao país de Benjamin Netanyahu. Apesar do bombardeio de domingo, o apoio americano a Israel não vai mudar, mas os EUA estão atentos à investigação israelense sobre o caso, segundo Kirby.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, cerca de 45 pessoas morreram durante o ataque, na noite de domingo (26). Há relatos de mulheres, crianças e idosos entre as vítimas, muitas delas carbonizadas. Israel admitiu que pode ter havido um incêndio no acampamento em decorrência do bombardeio. Houve forte reação internacional.
Em um discurso ao Parlamento, Netanyahu afirmou que, "apesar dos nossos máximos esforços para não ferir civis inocentes, na noite passada, houve um erro trágico. Nós estamos investigando o incidente e vamos obter uma conclusão, pois essa é a nossa postura".
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A área atingida era um acampamento para onde parte da população de Rafah havia acabado de se mudar por conta do início da ofensiva de Israel na cidade, para onde cerca de 1,5 milhão de palestinos fugiram por ataque de Israel no resto do território palestino.
António Guterres, o secretário-geral da ONU, condenou as ações de Israel que mataram inocentes civis "que só buscavam abrigo contra esse conflito mortal".
"Não há lugar seguro na Faixa de Gaza.  Esse horror precisa parar", afirmou ele na rede social X (antigo Twitter).
Martin Griffiths, chefe do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) da ONU, criticou o ataque de Israel:
"Outra atualização sombria de Gaza. O ataque aéreo de Israel em Rafah na noite passada matou dezenas de pessoas, muitas delas mulheres e crianças queimadas vivas (...) Tamanha impunidade não pode continuar", escreveu na rede social X (ex-Twitter).
Ministros das Relações Exteriores de países europeus se reunirão para cobrar de Israel o cumprimento aos direitos humanos.
Ataque de Israel em Rafah deixa mortos e feridos neste domingo (26)
Reuters
O ataque também deixou dezenas de feridos. Tendas de ajuda humanitária no local pegaram fogo após as explosões.
Inicialmente, Israel afirmou que o alvo do ataque aéreo era um complexo do Hamas em Rafah e que os locais atingidos "eram legítimos sob as leis internacionais". Dois líderes do grupo terrorista foram mortos na operação, de acordo com o Exército do país.
Israel também disse que uma investigação inicial mostrou que as vítimas foram mortas por incêndios causados pelo bombardeio. O porta-voz do governo, Avi Hyman, afirmou que uma investigação maior sobre o caso está sendo feita.
Palestinos observam destroços de acampamento após bombardeio israelense em Rafah
Jehad Alshrafi/AP Photo
O Exército israelense informou que está ciente sobre os civis feridos em decorrência do ataque e que analisa o caso.
O governo israelense afirmou ainda que os alvos foram "definidos com base em informações precisas", que indicavam que a área era usada pelo grupo terrorista.
Os Estados Unidos pediram novamente nesta segunda que Israel tome mais cuidado para proteger os civis, mas não chegaram a pedir a interrupção da incursão em Rafah. Os EUA são os maiores aliados de Israel.
A organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras publicou mensagem informando que ao menos 15 mortos em decorrência do ataque foram levadas para um ponto de apoio da organização e que pede por um cessar-fogo imediato em Gaza.
Na sexta (24), a Corte Internacional de Justiça, o tribunal mais alto da Organização das Nações Unidas (ONU) para julgar disputas entre Estados, ordenou que Israel interrompesse todas as operações militares em Rafah. A decisão é obrigatória, mas o tribunal não dispõe de força policial para garantir que o país a cumpra.
A corte também determinou que o governo israelense permitisse a entrada de ajuda humanitária pela fronteira entre o sul de Gaza e o Egito, além de garantir o acesso de observadores externos para monitorar a situação.
Em resposta à ordem da Corte Internacional, o governo de Israel disse que alegações apresentadas são "falsas, ultrajantes e nojentas" e que a campanha militar "não levou e não vai levar à destruição da população palestina civil em Rafah".
Fumaça e fogo são vistos em Gaza neste domingo (26), após ataques aéreos de Israel na região
Amir Cohen/Reuters
O Hamas, em comunicado, disse que o plano do tribunal de enviar representantes à Faixa de Gaza é bem-vindo e prometeu cooperar.
Com a ordem, caminhões com ajuda humanitária vindos do Egito começaram a entrar na Faixa de Gaza através da passagem de fronteira de Kerem Shalom, controlada por Israel, neste domingo, informou o canal egípcio Al-Qahera News.
Duzentos caminhões seguiram do lado egípcio da passagem de fronteira de Rafah, fechada desde o início de maio, quando Israel tomou o controle do lado palestino do terminal, até a passagem de Kerem Shalom, a uma distância de quatro quilômetros, informou a emissora.
O Egito se recusa a coordenar a entrega de ajuda humanitária por Rafah enquanto o lado palestino for controlado pelas tropas de Israel.
Toda a ajuda procedente do Egito é inspecionada pelas autoridades israelenses e distribuída com a coordenação da ONU.
Ainda neste domingo, o grupo terrorista Hamas lançou foguetes contra Tel Aviv, em Israel, fazendo com que as sirenes de alerta fossem acionadas pela primeira vez em quatro meses. As forças militares israelenses afirmam que, no sul de Gaza, na região de Rafah, pelo menos oito foguetes foram disparados e vários foram interceptados.
Criança fica ferida após ataque de Israel em Rafah, ao sul de Gaza, neste domingo (26)
Reuters
Israel ignora ordem de tribunal da ONU e ataca Rafah

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