Macri abre o G20 na Argentina e pede 'mesmo senso de urgência' de 2008

Iniciado por noticias, 02, Dezembro, 2018, 03:00

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Macri abre o G20 na Argentina e pede 'mesmo senso de urgência' de 2008


   Evento com líderes das maiores potências mundiais ocorre pela 1ª vez na América do Sul. Dia teve reuniões bilaterais, encontro do Brics, protestos e até terremoto. Líderes mundiais posam para foto durante a abertura do G20, em Buenos Aires, na sexta-feira (30)
Reuters/Andres Martinez Casares/Pool
Encontro dos líderes das 20 maiores economias do mundo começa na Argentina
A cúpula do G20 começou nesta sexta-feira (30) em Buenos Aires, na Argentina, com encontros bilaterais, reunião dos líderes dos Brics, grupo do qual o Brasil faz parte, irritação de Trump com a tradução simultânea e protestos nas ruas.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse, em discurso de abertura,  que os "desafios globais" pelos quais os países estão passando requerem "soluções globais". "Quero pedir-lhes que atuemos com o mesmo senso de urgência que na cúpula de 2008", afirmou diante dos líderes dos diversos países participantes.
Líderes do G20 posam para foto oficial; veja quem é quem
O encontro de líderes do G20 completa 10 anos nesta edição. A primeira aconteceu em 2008, em meio às preocupações causadas pela crise financeira iniciada no mercado imobiliário norte-americano.
"Temos que promover ações baseadas em interesses compartilhados", defendeu o presidente em seu discurso.
A Argentina recebe o evento em meio a tentativas de conter a crise financeira que está enfrentando, que levou o país a pedir socorro novamente ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Nestes anos, as mudanças e as circunstâncias sociais, políticas e econômicas em nível global e em nossos países geraram um questionamento sobre os mecanismos multilaterais contemporâneos, incluindo o G20, e surgiram tensões entre nossos países sobre a visão de como encarar individualmente as oportunidades e desafios globais", afirmou Macri.
O presidente argentino também destacou que o país nunca recebeu "tantos líderes ao mesmo tempo, é histórico". Ele ainda destacou o fato de ser a primeira cúpula realizada na América do Sul. "No G20 mais ao Sul que já se organizou, os convido para dar uma mensagem clara ao mundo, de que aqui juntos podemos dar um horizonte de desenvolvimento, unidos na diversidade."
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é recebido pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, na Casa Rosada, em Buenos Aires, nesta sexta-feira (30)
Saul Loeb / AFP 
Trump e Theresa May
No primeiro dia da cúpula, destacaram-se as reuniões de Macri com o presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-ministra britânica, Theresa May.
Na Casa Rosada, Trump elogiou o presidente da Argentina, sobre quem disse "conhecer muito". "Fiz negócios com sua família, com seu pai, excelente e muito bom amigo meu", disse, segundo o "Clarín". O pai de Macri, Francisco, foi um dos empresários mais ricos do país.
Donald Trump abre mão de tradução simultânea em encontro do G20
Reprodução
O presidente americano chamou atenção, porém, ao se irritar com o sistema de tradução simultânea do espanhol para o inglês. Logo após o presidente da Argentina terminar o discurso, o norte-americano jogou o aparelho no chão e disse ao colega: "Eu entendi você melhor em seu idioma do que a tradução".
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, e o presidente da Argentina, Mauricio Macri, durante encontro à margem do G20, em Buenos Aires, na sexta-feira (30)
Gustavo Garello/Pool via Reuters
Já com Theresa May, o encontro durou 15 minutos e não foi aberto à imprensa. Esta foi a primeira vez que um premiê britânico foi recebido em Buenos Aires desde o término da Guerra das Malvinas, em 1982, mas a soberania das ilhas não foi discutida.
Segundo uma pessoa que participou do encontro, os dois líderes conversaram sobre apoios e parcerias, especialmente após a saída do Reino Unido da União Europeia, a partir de março de 2019.
Brics
Líderes dos Brics - Brasil, Rússia, África do Sul, China e Índia - posam para foto durante encontro no G20, em Buenos Aires, na sexta-feira (30)
Reuters
Também nesta sexta-feira, os líderes dos Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - se reuniram e condenaram o protecionismo no comércio mundial.
O presidente chinês, Xi Jinping, e os demais líderes dos Brics divulgaram uma declaração pedindo o livre-comércio internacional e o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"O espírito e as regras da OMC vão contra medidas unilaterais e protecionistas", disseram eles. "Pedimos a todos os integrantes (do G20) que...mantenham seus compromissos assumidos na OMC."
EUA, Canadá e México
O presidente dos EUA, Donald Trump, também aproveitou o primeiro dia do G20 2 anunciou a oficialização da renovação do acordo comercial entre os EUA, México e Canadá, que substitui o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), e agora passa a se chamar Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), ou T-MEC, em espanhol.
O acordo resgata uma zona de livre comércio entre três países de US$ 1,2 trilhão que estava prestes a entrar em colapso após quase 25 anos.
O acordo ainda precisa passar pela aprovação dos Congressos dos três países para entrar em vigor. Na região vivem quase 500 milhões de pessoas.
Durante o anúncio, participaram também o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e o presidente do México, Enrique Peña Nieto.
Arábia Saudita
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, é um dos líderes mais acompanhados pela imprensa durante o G20. Ele participa do evento em meio a um furor internacional pelo assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi e por um pedido da Human Rights Watch (HRW) de que a Argentina o investigue por crimes de guerra no Iêmen.
Donald Trump afirmou que deverá se reunir com bin Salman durante a cúpula, mas no primeiro dia os dois apenas se cumprimentaram formalmente. Já o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi filmado cumprimentando o príncipe com entusiasmo, em uma das imagens mais compartilhadas do evento em redes sociais.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, conversa com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante a abertura do G20, em Buenos Aires, na Argentina, na sexta-feira (30)
Reuters/Sergio Moraes
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Tremor e protestos
Manifestantes protestam contra a cúpula do G20, em Buenos Aires, na Argentina, na sexta-feira (30)
Reuters/Andres Martinez Casares
Um tremor de magnitude 3,8 ocorreu nesta sexta-feira (30) às 11h27 (hora de Brasília) na região de Buenos Aires, segundo informações do Instituto Nacional de Prevenção Sísmica (Inpres) argentino. De acordo com o Centro de Sismologia Europeu-Meditarrâneo, o tremor aconteceu a 33km ao sul de Buenos Aires. Na cidade foi possível ouvir um som contínuo e ver objetos, como candelabros, se moverem.
Pela sua magnitude, não se tratou de um fenômeno capaz de causar grandes estragos e não houve interferência nos eventos do G20.
A cidade também teve protestos nesta sexta contra a realização do G20 e com críticas a alguns dos participantes, especialmente o presidente dos EUA, Donald Trump. Segundo a imprensa argentina, oito pessoas foram presas.
De acordo com o "Clarín", os oito foram transferidos para a delegacia 52 de Villa Lugano, e foi aberta uma "investigação de crime", a cargo do juiz federal Claudio Bonadio.
Cúpula do G20
A cúpula do G20 termina no sábado (1º). A expectativa é que a "guerra comercial" e as preocupações com o crescimento da economia mundial se destaquem entre as principais discussões.
A reunião entre Trump e Xi Jinping deve dominar as atenções do evento. Os Estados Unidos vêm impondo tarifas sobre produtos importados de outros países, especialmente da China. O país asiático, por sua vez, vem anunciando taxas extras sobre produtos norte-americanos em retaliação, em um movimento de "guerra comercial" que vem atingindo outros países e gerando preocupações sobre o crescimento global.
A cúpula do G20 deve ser marcada ainda por discussões sobre a necessidade de refirma da OMC, especialmente após o bloqueio pelos Estados Unidos da nomeação de novos juízes para o órgão de apelação da organização. O receio é que o julgamento de conflitos comerciais fique comprometido.

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