Príncipe herdeiro da Arábia Saudita assume 'total responsabilidade', mas diz que não mandou matar Kashoggi

Iniciado por noticias, 02, Outubro, 2019, 09:00

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Príncipe herdeiro da Arábia Saudita assume 'total responsabilidade', mas diz que não mandou matar Kashoggi

Em entrevista, Mohammed bin Salman chamou assassinato de jornalista de 'crime hediondo', mas afirmou que não tem como saber de todos os passos de todos os seus funcionários. Ele também disse ficar 'sentido' quando falam que seu país não respeita direitos humanos.  Bin Salman assume responsabilidade pela morte de Khashoggi
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, assumiu "total responsabilidade" pela morte do jornalista Jamal Khashoggi no ano passado, mas negou ter dado a ordem para que ele fosse morto.
"Este foi um crime hediondo. Assumo total responsabilidade como líder da Arábia Saudita", afirmou bin Salman, durante uma entrevista exibida no domingo (29) pela rede de TV americana CBS.
Ele garantiu só ter tido conhecimento do assassinato, que aconteceu no dia 2 de outubro do ano passado, na embaixada saudita em Istambul, na Turquia, após ele ter acontecido. 
Assessores próximos do príncipe herdeiro estão entre os acusados pelo crime, e ele foi questionado pela emissora como pode não ter tido conhecimento dos atos com antecedência. Em resposta, bin Salman disse que é impossível saber de todos os passos de seus funcionários. 
"É impossível que três milhões enviem seus relatórios diários ao líder ou para a segunda pessoa mais importante no governo saudita", justificou.
Os 11 acusados estão sendo julgados por um tribunal na Arábia Saudita, fechado ao público – a promotoria pediu pena de morte para cinco deles. O reino também proibiu que investigadores internacionais trabalhassem no país para obter informações sobre o caso de Kashoggi, um correspondente do "Wall Street Journal" conhecido por suas críticas ao regime saudita.
Direitos humanos
Na mesma entrevista, concedida ao programa 60 Minutes, bin Salman também afirmou ficar "sentido" com a ideia de que a Arábia Saudita seja vista como um país que não respeita direitos humanos e convidou estrangeiros a visitar o reino e observar com seus próprios olhos como é a vida ali.
Na sexta-feira (27), o governo saudita anunciou que emitirá pela primeira vez vistos para turistas. Antes os vistos eram emitidos apenas para peregrinos, expatriados e, recentemente, para espectadores de eventos esportivos ou culturais. 
Sobre a constante prisão de militantes de direitos humanos, o príncipe herdeiro disse que, embora discorde algumas das leis do reino, elas devem ser respeitadas até que sejam reformadas.
Irã
O príncipe herdeiro afirmou ainda preferir uma solução política para o acirramento da crise com o Irã, duas semanas depois dos ataques a uma petroleira saudita. Entretanto, ele insistiu que o mundo deve agir de maneira "forte e firme" contra o governo iraniano.
"Se o mundo não tomar uma atitude forte e firme para deter o Irã, vamos ver uma escalada maior que vai ameaçar os interesses do mundo", advertiu.
"Preços do petróleo vão saltar a números inimagináveis que nunca vimos nas nossas vidas", acrescentou.
Os houthis do Iêmen – apoiados pelo Irã e que lutam contra uma coalizão liderada pelos sauditas –reivindicaram autoria no ataque. Entretanto, os Estados Unidos e a Arábia Saudita insistem que o governo iraniano de Hassan Rohani está por trás da ofensiva, algo que Teerã nega.

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