Será que Biden resiste?

Iniciado por noticias, 08, Fevereiro, 2020, 15:00

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Será que Biden resiste?


   Ainda não se conhece o vencedor em Iowa. O maior derrotado é evidente: aquele que dizia ser o mais capaz de atrair os "moderados do Meio-Oeste" amargou um quarto lugar vergonhoso O pré-candidato democrata Joe Biden faz uma selfie com eleitores depois de comício em Des Moines, Iowa, no domingo (2/2)
Reuters/Ivan Alvarado
Depois da confusão nas prévias democratas em Iowa (leia mais aqui), ainda é impossível afirmar com segurança quem foi o vencedor. Nos números finais divulgados há poucas horas, o prefeito Pete Buttigieg – apesar de ter obtido menos votos – ainda aparece ligeiramente adiante do senador Bernie Sanders na contagem de delegados, cujo cálculo é proporcional ao comparecimento nas duas últimas eleições.
As contradições nos números são tantas, porém, que algum tipo de recontagem será inevitável. Levará dias até até desfazer o nevoeiro que encobre a disputa entre Sanders e Buttigieg. Mas Iowa já ficou para trás. Ambos já se preparam para a disputa da próxima terça-feira em New Hampshire e para o debate televisivo de hoje à noite.
Se o vencedor em Iowa permanece uma incógnita, o principal derrrotado é inequívoco: o ex-vice-presidente Joe Biden, que amargou o quarto lugar, atrás também da senadora Elizabeth Warren. Era sabido que seu desempenho em Iowa não seria estelar, mas o quarto lugar com menos de 15% na primeira votação, sem nenhum delegado indicado à convenção nacional, ficou aquém das piores expectativas.
Para complicar, Biden não está em posição muito melhor nas pesquisas em New Hampshire, nem em Nevada, estados seguintes no calendário eleitoral. Sua aposta repousa no eleitorado negro da Carolina do Sul, quarto estado a realizar prévias no fim de fevereiro, e na Super-Terça, dia 3 de março, quando estarão em jogo 1.268 delegados em 16 disputas, ou 32% daqueles que votarão na primeira rodada da convenção em julho.
A questão para a campanha de Biden é cristalina: sua candidatura será capaz de resistir até lá? Em Iowa, ele perdeu votos dos democratas de centro para Buttigieg (em segundo nas pesquisas em New Hampshire) e para a senadora Amy Klobuchar. Terá ainda de disputá-los com o bilionário Michael Bloomberg, que fez investimentos mastodônticos em propaganda, de olho na Super-Terça.
Biden costuma repetir que seu perfil moderado faz dele o mais qualificado para atrair o eleitor do Meio-Oeste que abandonou os democratas para votar em Donald Trump em 2016 (e será decisivo nas urnas em novembro). Como então ficou em quarto em Iowa, estado do Meio-Oeste onde 60% dos democratas se diziam preocupados em escolher um candidato "elegível"? Só faltou combinar com eles...
O desempenho de Biden revela a dificuldade de sua campanha para atrair quem teria feito diferença a seu favor: os mais velhos e minorias como negros, latinos ou asiáticos. O desempenho de Sanders entre os latinos em Iowa supreendeu e mostra que ele tem conseguido estender seu eleitorado para além do público cativo (jovens, urbanos, com nível educacional superior ou intermediário).
As últimas quatro eleições foram decididas não pela capacidade de persuadir eleitores indecisos, centristas ou moderados. Mas pela de levar às urnas os mais engajados. Foi assim com Bush em 2004, Obama em 2008 e 2012, Trump em 2016. Num país onde o voto não é obrigatório e há apenas dois lados na disputa, vence quem animar mais a torcida e convencê-la a votar.
Para constatar a deficiência de Biden no quesito "animação", nem é preciso compará-lo a populistas praticantes como Trump ou Sanders. Basta ver como o público delira diante de Buttigieg ou mesmo Warren. O discurso de Biden é claudicante, ele tem dificuldade para terminar frases, gagueja, se enrola. Faz o velhinho simpático, embora confuso, jamais o líder carismático. Supreende que o establishment democrata aposte em Biden contra alguém com o perfil de Trump.
Em Iowa, a campanha de Biden demorou a entender que seria necessário compensar as deficiências de carisma para ele ter chance de não amargar uma derrota vergonhosa. Agora seu tempo é curtíssimo. Se não melhorar o desempenho em New Hampshire ou Nevada, entregará de bandeja o espaço ao centro do eleitorado a Buttigieg, Bloomberg e até Klobuchar. Sanders já se tornou o favorito nas previsões e apostas. O eleitor democrata já entendeu que, se quiser ter chance de derrotar Trump, precisará de alguém com mais energia que Biden.

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