Guerra na Ucrânia: como russos estão recebendo os soldados mortos no conflito

Iniciado por noticias, 20, Março, 2022, 07:04

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Guerra na Ucrânia: como russos estão recebendo os soldados mortos no conflito


   Duas semanas desde a última divulgação do número oficial de mortos, os sepultamentos de soldados russos que perderam a vida na Ucrânia continuam. Em Kostroma, amigos, familiares e uma guarda de honra armada se reuniram para o funeral de Mikhail Orchikov
BBC
Na Igreja de Alexandra e Antonina, encontra-se um caixão. Está coberto com a bandeira tricolor russa. E, em cima dele, há uma boina militar e uma fotografia.
Mikhail Orchikov era vice-comandante de uma brigada de fuzileiros motorizada. Ele foi morto em ação na Ucrânia. Soldados russos armados formam uma guarda de honra.
Um padre ortodoxo caminha ao redor do caixão recitando orações e balançando um recipiente de metal ornamentado que libera o aroma do incenso queimado. A fragrância pungente toma conta da capela, misturando-se com as doces cadências do coro da igreja. A viúva do soldado morto, com a cabeça coberta por um lenço preto, está sendo consolada por parentes.
Quantos militares russos foram mortos na Ucrânia? É crime na Rússia reportar qualquer coisa além dos números oficiais.
De acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Defesa russo, 498 soldados perderam a vida no que o Kremlin chama de "operação militar especial". Estes são os números mais recentes, de 2 de março. Não houve atualização nas últimas duas semanas.
"A situação em nosso país não é simples", diz o padre à congregação. "Todo mundo entende isso."
O Kremlin quer que o povo acredite que os soldados russos na Ucrânia são heróis e que a ofensiva da Rússia ali é um ato de legítima defesa.
Em uma edição recente do principal programa semanal de notícias da TV estatal, o âncora afirmou que se a Rússia "não estivesse intervindo agora, em três anos a Ucrânia estaria na Otan... com uma bomba nuclear. [A Ucrânia] definitivamente avançaria sobre a Crimeia, depois sobre o sul da Rússia". Uma realidade alternativa, em que a Ucrânia é o agressor.
Nas ruas de Kostroma, muitos parecem acreditar na versão oficial do Kremlin.
Mikhail Orchikov foi sepultado como 'um defensor da pátria'
BBC
Isso se deve em parte ao poder da televisão em moldar a opinião pública. Mas também, em momentos de crise, muitos russos instintivamente se unem em torno de seu líder — como se não quisessem acreditar que seu presidente pode ter tomado a decisão errada.
"A Otan quer se estabelecer bem ao nosso lado [na Ucrânia], e eles têm armas nucleares", Nikolai me diz. "Putin fez muito bem. Ele não deixou."
"A Rússia precisa ir até o fim", declara a aposentada Nina Ivanovna.
"O quanto você confia nas informações que está recebendo pela TV russa sobre isso?", eu pergunto a ela.
"Eu confio. Por que não deveria? É na internet que eu não confio."
"Por que não?", eu questiono.
"Não sei", ela responde.
Nem todos apoiam a ofensiva da Rússia na Ucrânia. No vilarejo de Nikolskoye, visito a casa do padre ortodoxo Ioann Burdin. Ele fez recentemente um sermão antiguerra e manifestou suas críticas no site da igreja.
Posteriormente, foi detido e multado sob uma nova lei por desacreditar as Forças Armadas russas.
Para o padre Ioann Burdin, derramamento de sangue de qualquer tipo 'ainda é um pecado'
BBC
"Acredito que qualquer derramamento de sangue, seja qual for a causa e como você tente justificá-lo, ainda é um pecado", diz Ioann.
"O sangue está nas mãos de quem o derramou. Se uma ordem foi dada, está nas mãos de quem deu a ordem, apoiou ou ficou em silêncio."
"O pior de tudo é que o ódio apareceu. E ficará cada vez mais profundo, porque podemos ver que a situação [com a Ucrânia] não está terminando. Não há vontade política para impedir isso. O ódio de ambos os lados se fortalecerá e se tornará um muro entre nossos povos nas próximas décadas."
Em um cemitério em Kostroma, oito soldados carregam o caixão de Mikhail até o túmulo. Uma banda militar toca música solene. Em seguida, com uma salva de tiros e, ao som do hino nacional russo, o caixão é sepultado.
Há um breve discurso: "A perda de um filho, irmão, pai é sempre uma tragédia, mas estamos orgulhosos por ele ter morrido defendendo nosso povo, nossos filhos, nosso país".
Em Kostroma, eles chamam Mikhail de "defensor da pátria".
O caixão de Mikhail foi envolto na bandeira nacional antes do sepultamento
BBC
No entanto, foi o exército da Rússia que cruzou a fronteira para uma nação soberana e atacou a Ucrânia por ordem do presidente Putin. O líder do Kremlin afirma que o objetivo de sua "operação militar especial" é "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia, como se o governo ucraniano estivesse tomado por fascistas — o que simplesmente não é verdade.
Nos últimos dias, as autoridades russas mal esconderam seus objetivos mais amplos. O ministro das Relações Exteriores do país, Sergei Lavrov, disse que o que está acontecendo na Ucrânia "... é uma batalha de vida ou morte pelo direito da Rússia de estar no mapa político do mundo com total respeito por seus interesses legítimos".
Em outras palavras, trata-se de geopolítica e da determinação de Moscou de forçar a Ucrânia a voltar à esfera de influência da Rússia.
Isso é algo que o governo da Ucrânia está determinado a evitar.
Veja vídeos da guerra na Ucrânia

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