Senado dos EUA pode aprovar Kavanaugh na Suprema Corte em voto final neste sábado

Iniciado por noticias, 07, Outubro, 2018, 15:01

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Senado dos EUA pode aprovar Kavanaugh na Suprema Corte em voto final neste sábado


   Após investigação do FBI e relatório não divulgado ao público, senadores passaram dia debatendo aprovação de juiz acusado de agressão sexual. Apesar de protestos, indicado de Trump teria garantido votos suficientes para sua confirmação.  O juiz Brett Kavanaugh depõe em comissão do Senado dos EUA, em foto de 5 de setembro
Saul Loeb/AFP
O Senado dos Estados Unidos deve realizar neste sábado (6) a votação final que irá definir se Brett Kavanaugh – acusado de agressões sexuais por três mulheres – irá ocupar uma vaga na Suprema Corte. Segundo diversos veículos da imprensa americana, ele teria votos suficientes para conseguir a aprovação.
Incluindo senadores que declararam publicamente como irão votar e os que revelaram suas decisões a jornalistas, o juiz já teria pelo menos 50 votos, o que deixaria a disputa empatada. Neste caso, o desempate ficaria a cargo do vice-presidente, Mike Pence, o que garantiria a aprovação.
Até mesmo um senador democrata, Joe Manchin, da Virginia Ocidental, declarou que irá votar a favor da indicação feita pelo presidente Donald Trump.
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A republicana Susan Collins, que havia dito estar em dúvida, também confirmou seu apoio na sexta-feira.  Ela disse que as acusações contra Kavanaugh "fracassaram em cumprir o padrão de ser mais provável que não".
Investigação do FBI
A votação acontece após um dia inteiro de pronunciamentos e debates no Senado, realizados após a divulgação de um relatório do FBI sobre o juiz, investigado por acusações de agressões sexuais.
O conteúdo do documento não foi revelado ao público, mas, segundo o senador republicano Chuck Grassley, chefe do Comitê do Senado que avalia a indicação, isenta Kavanaugh.
Mas a senadora Dianne Feinstein, principal democrata do Comitê Judiciário, disse que o relatório do FBI é o "produto de uma investigação incompleta". "A parte mais notável deste relatório é o que não está nele", disse Feinstein. Ela destacou que Kavanaugh, sua acusadora Christine Blasey Ford e várias testemunhas não foram entrevistadas por investigadores.
A Comissão Jurídica do Senado americano aprovou a indicação de Kavanaugh na última sexta-feira (28). No entanto, durante a sessão, o senador republicano Jeff Flake (Arizona), que tinha um voto decisivo para a aprovação, pediu que a votação no plenário fosse adiada para que o FBI pudesse investigar as alegações contra o juiz.
Christine Blasey Ford depõe no Senado dos EUA em 27 de setembro
Win McNamee/Pool via Reuters
Audiências
No dia 27 de setembro, o comitê ouviu uma das acusadoras, a professora de psicologia Christine Blasey Ford, que contou ter sido agarrada por Kavanaugh durante uma festa na década de 1980. Ela afirmou que ele tentou tirar sua roupa à força e que acreditou que ele tinha a intenção de estuprá-la. Na época do caso relatado, Christine tinha 15 anos, e ele tinha 17.
Ford disse estar absolutamente certa de que ele era o agressor, mas não conseguia lembrar de certos detalhes. Esse ponto do depoimento foi mais tarde usado pelo presidente Trump para ironizar Ford, durante um comício em Mississippi, atitude criticada inclusive por membros do Partido Republicano. 
Em seguida, o magistrado de 53 anos se defendeu das acusações. "Não questiono que a doutora Ford tenha sido atacada sexualmente por alguém em algum lugar em algum momento. Mas não por mim. Nunca ataquei ninguém", afirmou.
O indicado de Trump se diz alvo do ódio contra chefe de estado americano. Na sua análise, democratas querem "detoná-lo e derrubá-lo" e o processo de confirmação para a Suprema Corte virou uma "desgraça nacional".
Protestos
Na quinta-feira, mais de 300 pessoas foram detidas em uma manifestação contra a indicação de Kavanaugh, realizada em frente e dentro do prédio do Senado. Entre elas estavam a atriz Amy Schumer e a modelo Emily Ratajkowski. Um vídeo publicado pelo jornalista americano Benny Johnson no Twitter mostra as duas sendo abordadas por policiais.
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Manifestantes também realizaram um protesto contra a nomeação em Nova York.
Manifestantes realizam protesto contra a indicação de Brett Kavanaugh à Corte Suprema dos EUA, em Nova York, na quinta-feira (4)
Reuters/Stephen Yang
Outras acusações
A investigação do FBI foi referente apenas ao caso apresentado por Christine Blasey Ford, mas duas outras mulheres também acusaram Kavanaugh de agressões sexuais.
Dias após a acusação de Ford ser divulgada, a revista "The New Yorker" relatou acusações por parte de Deborah Ramirez, de 53 anos, uma colega do juiz na Universidade de Yale.
Ela afirma que Kavanaugh mostrou seus genitais a ela no começo da década de 1980 durante uma festa da faculdade, quando os dois eram calouros, aproximando suas partes íntimas do rosto dela, fazendo com que tocasse nele sem o seu consentimento enquanto o afastava.
Julie Swetnick em foto divulgada por seu advogado
Michael Avenatti/Twitter
No dia 26 de setembro, novas acusações foram feitas por Julie Swetnick, que alega ter estado em várias festas do colégio que também eram frequentadas por Kavanaugh.
Em uma declaração juramentada divulgada por seu advogado, Swetnick diz que viu Kavanaugh "ter uma conduta altamente inapropriada", incluindo "acariciar e agarrar garotas sem o consentimento delas".
Swetnick indicou que foi estuprada por garotos em uma das festas nas quais "Mark Judge e Brett Kavanaugh estavam presentes".
O juiz nega todas as acusações feitas por essas duas mulheres.
Vaga na Suprema Corte
Caso seja confirmado pelo Senado, Kavanaugh vai ocupar a vaga deixada por Anthony Kennedy, que vai se aposentar. Ele poderá mudar a posição da Corte em casos como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Católico, Kavanaugh se formou na Universidade de Yale e ficou conhecido por manter uma interpretação originalista da legislação – ou seja, decide de acordo com o que está disposto "na letra da lei".
Kavanaugh vinha atuando como juiz em tribunais de apelações dos Estados Unidos, no Distrito de Columbia, desde 2006, sendo autor de mais de 300 opiniões, incluindo 11 que foram confirmadas pela Suprema Corte.
Antes de se tornar juiz, ele trabalhou como advogado da Casa Branca para o presidente George W. Bush.

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