No RS, 46 pessoas seguem desaparecidas em 3 cidades

Iniciado por noticias, 09, Setembro, 2023, 02:01

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No RS, 46 pessoas seguem desaparecidas em 3 cidades


     A Defesa Civil calcula que as tempestades afetaram 147 mil moradores. Com hospitais destruídos, o Exército monta tendas para o atendimento dos feridos.  No RS, 46 pessoas seguem desaparecidas em 3 cidades
Moradores das cidades mais atingidas pelas tempestades no Rio Grande do Sul estão se deslocando para Porto Alegre para reconhecer os corpos de parentes. A maioria das vítimas morreu por causa das cheias dos rios; a correnteza arrastou casas e pessoas.
A escuridão de mais uma noite sem energia elétrica foi quebrada pela iluminação das sirenes das equipes de buscas. Os voluntários entraram em Muçum com quatro toneladas de material de limpeza. É um dos itens que as pessoas mais precisam para abrir caminho na difícil tarefa de voltar para casa.
"Faz toda a diferença. Eu agradeço de coração", diz uma moradora.
É com um jato d'água que a lama trazida pela enchente está sendo retirada de dentro das casas. Uma ajuda e tanto para a professora Isabelle Moisés.
"Está sendo bem difícil. Muito lodo e está começando a secar, e ainda estamos sem água", conta.
É com um jato d'água que a lama trazida pela enchente está sendo retirada de dentro das casas
JN
Um trabalho que está longe do fim.
"Muito, muito trabalho. Desde segunda na lida e tem muita para fazer ainda. Acho que já foram limpas umas 35, 40 casas. É muito barro, demais", diz o agricultor Paulo César Redante.
Os moradores vão ter que repor tudo o que tinham em casa. Móveis e utensílios domésticos comprados com o sacrifício de anos de economia viraram um amontoado de entulho.
É inacreditável o que aconteceu. O Rio Taquari jogou para dentro da cidade toneladas de pedaços de árvores, raízes e também muitos entulhos. Uma montanha de lama e galhos esconde uma casa que foi praticamente destruída.
"A água superou, passou por cima da janela. Não sobrou nada dentro de casa. Nada! Aqui na minha mãe, no meu irmão, simplesmente botamos tudo fora", conta parente dos moradores.
Casa soterrada por lama
JN
Na margem do rio, casas sucumbiram à força da água. A maioria das vítimas morreu afogada, arrastada pela correnteza do Rio Taquari, que alcançou 17 metros acima do nível normal. Também houve mortos provocadas por descargas elétricas e uma mulher perdeu a vida durante o resgate; o cabo do helicóptero que a içava se rompeu.
Parentes das vítimas viajaram para Porto Alegre para fazer o reconhecimento dos corpos. O empresário Leandro Bertoldi perdeu o pai.
"Não é fácil, não é fácil. Minha filha só chora, porque ela tinha combinado com o meu pai - sexta-feira ia chegar uma cavalgada lá no município - para ele ir lá ver ela", conta.
O município de Muçum já registra 15 mortes. Com cemitério destruído, um velório coletivo deve ser realizado neste sábado (9) na cidade vizinha de Vespasiano Corrêa.
A Defesa Civil calcula que a enxurrada afetou mais de 147 mil moradores no estado. Em Roca Sales, os dois únicos postos de combustíveis estão fora de operação porque ficaram debaixo d'água. A cheia do Taquari destruiu a maioria dos estabelecimentos comerciais.
"Vamos ter que recomeçar. Eu tenho duas empresas, aqui e lá na esquina, e acabei perdendo as duas", conta o comerciante Edward Schwartz.
Aposentado teve a casa destruída
JN
O aposentado Mário Coletti, um gaúcho com quase um século de vida, mostrou o que restou da casa dele.
"Aqui era minha casa. Estou com a roupa agora. Fazer o quê?", questiona.
Ele só teve tempo de pegar os documentos e sair antes da enxurrada arrastar tudo.
Seu Mário: Abandonei tudo, porque o que que eu ia fazer sozinho?
Repórter: E o senhor vai ter forças para continuar...
Seu Mário: De resto, vou fazer o quê, né?
Repórter: Força aí!
Ciclone no RS: saiba como ajudar afetados pelas chuvas
Desaparecidos e feridos
O Papa Francisco enviou uma mensagem de solidariedade aos afetados pelas chuvas fortes no Rio Grande do Sul e disse que está rezando pelas famílias desabrigadas. Desta quinta-feira (7) para esta sexta-feira (8), o número de desaparecidos quase dobrou.
Bombeiros, socorristas e equipes da Defesa Civil vasculham por terra, água e pelo ar áreas próximas ao Rio Taquari. O trabalho de buscas ganhou o reforço de militares de Santa Catarina e do Paraná. Em Lajeado, está funcionando uma espécie de QG das forças de segurança.
No interior de Encantado, equipes trabalham em lugares de difícil acesso, que antes estavam cobertos pela água. Os próprios moradores seguem pelas ruas em busca de informações. Miguel procura a mulher e os dois filhos. A aposentada Ilce Maria Fachini não sabe onde estão dois amigos.
"Eu perdi a minha casa, tudo que tinha dentro, sabe? Os amigos. Eu disse: nós estamos vivos, né? Eu perdi a casa, mas eu estou viva, né?", fala Ilce.
As autoridades atualizaram o número de desaparecidos: agora são mais de 40, nas cidades de Lajeado (8), Arroio do Meio (8) e Muçum (30). Segundo a Defesa Civil, o número cresceu porque, antes, muitas pessoas eram consideradas incomunicáveis. Agora, com o sinal de internet restabelecido, foram incluídas em outra lista.
"A gente precisa atualizar os dados constantemente para ver as redes de afeto, porque, às vezes, eu não acho o meu vizinho: 'Ele é assim, o último lugar que ele estava foi lá'. Então, muitos estão, talvez, em serviços de saúde. Enfim, é bem desafiador" explica a assistente social Bárbara Weber.
A estrutura para acolher as pessoas atingidas pela enchente ganhou o apoio do Exército. Cinco barracas foram montadas a pedido da Defesa Civil para servirem como pontos de atendimento.
Nos primeiros dias, a ajuda vinha de locais que reúnem profissionais de saúde e assistentes sociais.
"Inicialmente, chegaram algumas pessoas com alguns ferimentos leves. Precisavam de fazer curativos, crises hipertensivas. Agora tem chegado mais crise de ansiedade. A gente está observando que esse impacto psicológico tem aumentado com o passar dos dias", relata a coordenadora médica Giovanna Athayde.
O aposentado Rosalino de Oliveira foi salvo por um amigo. A casa dele ficava a um quilômetro do Rio Taquari. Levado para o Parque do Imigrante, em Lajeado, ele logo recebeu atendimento médico.
"Mediram a minha pressão, viram que a pressão estava um pouco alta. Me deram medicamento para aquilo, me trataram bem. Se fosse preciso, a hora que eu precisasse, era para voltar que eles estavam prontos para me atender", conta Rosalino.
Gaúcha Marisa Sturmer chegou em prantos, porque não consegue tirar da cabeça tudo que aconteceu
JN
Marisa Sturmer chegou em prantos, porque não consegue tirar da cabeça tudo que passou.
"Eu vendo a água vindo, vendo as casas afundando... Foi um filme de terror que nós passamos. E chamei para as pessoas saírem de casa, corri na rua com o apito na mão paras pessoa acordarem, para ver que a água estava vindo", emociona-se.
Nesta sexta-feira (8), ela falou que precisava de um abraço.
O governo federal divulgou, nesta sexta-feira (8), algumas medidas de ajuda às vítimas da tragédia. O presidente Lula não participou das reuniões em Brasília porque viajou para a Índia para o encontro do G20.
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, disse que vai liberar 20 mil cestas de alimento e repasse de R$ 400 por desabrigado, para ajudar as prefeituras no atendimento à população. Depois de 30 dias, os municípios podem solicitar mais R$ 400, totalizando R$ 800 por pessoa.
O governo já tinha anunciado a liberação antecipada do saque do FGTS e também de benefícios do INSS.
O presidente em exercício disse que, neste domingo (10), deve visitar as cidades atingidas pela tragédia no estado.
Ainda no fim da tarde desta sexta, o governador Eduardo Leite anunciou R$ 1 bilhão em créditos especiais para os municípios atingidos pela enchente.

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