Rússia restringe Instagram, dizendo que aplicativo permite mensagens que pedem 'assassinato de russos'

Iniciado por noticias, 13, Março, 2022, 06:43

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Rússia restringe Instagram, dizendo que aplicativo permite mensagens que pedem 'assassinato de russos'


   Meta, dona dessa rede social e do Facebook, alterou sua política para autorizar publicações que defendam a violência contra Putin e soldados daquele país. Empresa diz que não libera conteúdo de ameaças a civis. Ícone do Instagram.
REUTERS/Thomas White
A Rússia restringiu o acesso ao Instagram nesta sexta-feira (11), acusando a rede social de espalhar apelos à violência contra os russos, devido ao conflito na Ucrânia.
A medida é uma resposta à notícia de que a Meta, a empresa que controla o Facebook e o Instagram, mudou sua política sobre discurso de ódio para permitir que usuários das redes sociais em alguns países defendam atos de violência contra russos no contexto da guerra na Ucrânia.
Rússia abre processo criminal contra Meta por ameaças de morte no Facebook
A companhia está temporariamente liberando algumas mensagens que defendem a morte do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ou do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, em países que incluem Rússia, Ucrânia e Polônia, segundo uma série de e-mails internos enviados aos moderadores de conteúdo da empresa e vistos pela agência Reuters.
Mais cedo, o Comitê de Investigação da Rússia anunciou ações legais contra a companhia, alegando que ela permite que usuários da Meta nos Estados Unidos realizem "pedidos ilegais de assassinatos de russos".
A Procuradoria-Geral russa pediu, então, que a gigante da internet seja classificada como uma organização "extremista" e que o acesso ao Instagram seja bloqueado no país. O Facebook já não pode mais ser acessado desde 4 de março.
Segundo o gabinete do procurador-geral, "o conteúdo distribuído no Instagram contém apelos para cometer atos violentos contra cidadãos da Rússia, inclusive a equipe militar".
O que diz a Meta
"Devido à invasão russa da Ucrânia, somos tolerantes com formas de expressão política que normalmente violariam nossas regras sobre discurso violento, como 'morte aos invasores russos'", disse à Andy Stone, gerente de comunicações da Meta, à agência France Presse.
"Continuamos não permitindo apelos credíveis à violência contra civis russos", destacou.
A Rússia já havia bloqueado o Facebook em seu território na semana passada em retaliação à decisão do grupo californiano de proibir veículos de comunicação próximos ao governo russo, como o canal RT e o site Sputnik.
ONU preocupada
Apenas 7,5 milhões de russos usaram o Facebook em 2021, 7,3% dos internautas do país, contra os 51 milhões no Instagram, de acordo com a empresae especializada eMarketer.
Carlos Henrique Dias/g1
O aplicativo do Instagram também é extremamente popular entre a juventude russa, tornando-se também uma ferramenta de vendas online crucial para muitas pequenas e médias empresas, assim como para artistas e artesãos, que dependem de sua visibilidade nesta plataforma para sobreviver.
Apenas 7,5 milhões de russos usaram o Facebook em 2021, 7,3% dos internautas do país, contra os 51 milhões no Instagram, de acordo com a empresa especializada eMarketer.
A Reuters divulgou na última quinta e-mails trocados por moderadores de conteúdo da Meta alegando que a exceção temporária à regra se aplica à Armênia, Azerbaijão, Estônia, Geórgia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia, Rússia, Eslováquia e Ucrânia.
O escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos nas Nações Unidas expressou sua preocupação com a decisão da Meta nesta sexta-feira.
"Este é claramente um assunto muito, muito complexo, mas que gera preocupações em termos de direitos humanos e direito internacional humanitário", disse Elizabeth Throssel, porta-voz do organismo, durante coletiva de imprensa em Genebra.
A imprecisão em torno deste anúncio "certamente poderia contribuir para o discurso de ódio direcionado contra os russos em geral", observou.
Regras de guerra em tempo real
Para Emerson Brooking, acadêmico residente do Atlantic Council, think tank americano, as exceções autorizadas pela Meta representam uma tentativa de adaptação a uma situação extremamente fluida e tensa.
"O Facebook está tentando escrever regras de guerra em tempo real", considerou este especialista em desinformação online à AFP.
Ele reconhece, no entanto, que existe o risco de repercussões para a população russa.
"Ao longo da história, ações violentas de um país contra outro deram origem a apelos à violência, intolerância ou ódio contra estrangeiros associados ao país agressor", explicou.
No entanto, a mudança proposta pelo Facebook "rejeita claramente os apelos à desumanização de todos os russos", disse.
Não é a primeira vez que o grupo de Mark Zuckerberg tolera esse tipo de publicação, embora os exemplos sejam raros: em junho de 2021, a rede autorizou por duas semanas mensagens de opositores iranianos pedindo a morte do aiatolá Ali Khamenei.
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